Miquéias dos Santos Vitorino
Das minhas experiências como professor em escola pública, o laboratório de informática parece ser ainda um espaço incompreendido ou desconhecido de seu propósito inicial. Acredito que, primordialmente, o laboratório de informática é um lugar para pesquisa, para experimentação e para atividades escolares. A forma como professores e alunos, usuários desse espaço, veem o laboratório ainda é limitada à um espaço a mais na escola que pode ser aproveitado.
Os alunos costumam ir ao laboratório para pesquisar um trabalho (ou plagiá-lo) ou acessar suas redes sociais (alguns laboratórios não permitem, mas não fazem essa proibição com base em um princípio justo e convincente). Eles se sentem intimidados com a máquina ou, simplesmente, preferem não usá-los na escola por motivos pessoais. Se você perguntar a um aluno porque ele utiliza o computador da escola ele provavelmente vai relacionar esse uso a uma obrigação ou solicitação de um professor.
Este é outro problema: de que forma o professor vê o laboratório? Se você perguntar ao professor o que ele acha da sala de informática, é certo que ele vai atribuir o pertencimento desse espaço ao aluno, mas dificilmente ele o verá como extensão da sua sala de aula. A sua prática com os computadores pode estar limitada somente a solicitar dos alunos pesquisas no PC e impressões de trabalho (que muitas vezes não são feitos pelos alunos, mas copiados da internet).
Na escola onde trabalho, o laboratório não trouxe muitas mudanças significativas ao roteiro de trabalho dos professores e alunos, constituindo apenas outro artefato da atividade educacional. Está lá para quem quiser usá-lo, mas o atrevimento (no bom sentido da palavra) de fazer com que esse espaço funcione de uma maneira satisfatória, como extensão da sala de aula do professor parece uma realidade ainda distante.
Talvez seja necessário conscientizar os professores e alunos que os laboratórios de informática são eficazes para a atividade de ensino aprendizagem, que os computadores são, potencialmente, ferramentas atrativas e que os alunos gostam de lidar com tecnologia. A resistência e o apego ao tradicionalismo, no entanto, parecem puxar a corda para o lado inverso do progresso na escola.
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